Recipientes pequenos são os maiores depósitos do mosquito da dengue

Por Jonathan da Silva

Os recipientes pequenos que podem ser encontrados em praticamente todas as casas, como pratinhos de vaso de plantas, bebedouros de animais, garrafas desprotegidas, lonas mal esticadas e baldes, são os responsáveis pela grande concentração de larvas e/ou pupas do Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue. É o que aponta o resultado do primeiro Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) do ano realizado pelo projeto de Prevenção e Combate à Dengue, desenvolvido pela Universidade Feevale e a Prefeitura de Novo Hamburgo. O trabalho, que indica o percentual de imóveis no município com a presença do vetor responsável pela transmissão da dengue, consiste em visitar, aproximadamente, 5% dos imóveis do município em um curto período, gerando um indicativo dos níveis de infestação na cidade, a fim de facilitar as ações de controle.

Em janeiro deste ano, agentes do projeto realizaram vistorias em 4.002 imóveis de Novo Hamburgo, distribuídos em todos os bairros do município. O principal indicador do LIRAa é o Índice de Infestação Predial (IIP), que é a relação percentual entre o número de imóveis positivos, ou seja, com a presença de larvas de Aedes aegypti, e o número de imóveis pesquisados. No primeiro mês do ano, Novo Hamburgo apresentou um IIP de 4,9%, ou seja, a cada 20 imóveis, um teve a presença de Aedes aegypti. Esse valor aponta que o município se encontra, atualmente, com alto risco de surto para a dengue e outras doenças relacionadas ao mosquito. Foram coletadas 278 amostras de larvas e/ou pupas para análise e identificação no Laboratório do Projeto de Prevenção e Combate à Dengue, das quais 75,2% se mostraram positivas para o mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya.

De acordo com a gerente em Vigilância em Saúde, Débora Spessatto Bassani, o resultado do LIRAa confirma que o combate ao mosquito da dengue tem que ser uma luta de todos, pois as larvas e pupas estão depositadas em maior parte nos pequenos recipientes nas casas. “Convido a população a tirar 10 minutos do seu dia e fazer uma vistoria nos seus pátios e eliminar qualquer ponto de água acumulada”, convoca.

Comparativamente ao LIRAa realizado no mesmo período do ano passado, quando o IIP foi de 1,1, ou seja, de iminente perigo à saúde pública, o atual índice coloca Novo Hamburgo em alerta devido à maior presença de mosquitos. “O verão é uma época favorável ao desenvolvimento do mosquito devido às altas temperaturas e pancadas de chuva, situação possivelmente agravada em razão do fenômeno climático El Niño”, afirma o coordenador do projeto de Prevenção e Combate à Dengue, Tiago Filipe Steffen.

Principais depósitos

Conforme o LIRAa, confira os tipos de depósitos em que foram encontradas larvas e/ou pupas do Aedes aegypti:

– 66,5%: em recipientes pequenos, passíveis de remoção da água, como pratinho de vaso de plantas, bebedouro de animais, recipientes para enraizamento de plantas, garrafas desprotegidas, baldes, entre outros

– 15,3%: em ralos, calhas, piscinas e outros recipientes fixos, de difícil remoção de água

– 9,1%: em pneus e outros materiais rodantes

– 5,7%: em acúmulo de lixo, sucatas e entulhos de restos de construção

– 3,4%: em bromélias, ocos de árvores, materiais naturais

Vigilância em Saúde multiplica ações

A Vigilância em Saúde de Novo Hamburgo tem sido uma das mais atuantes do estado. Além das diferentes tecnologias nas aplicações de inseticidas em toda a cidade e das notificações dos serviços privados e públicos em tempo real, o Município já tem instituído o Comitê Intersetorial contra a Dengue, que une várias secretarias no alinhamento de estratégias de atendimento à população. Na próxima semana os agentes de saúde bem como outros servidores da atenção primária em saúde passarão por capacitação acerca das arboviroses (doenças causadas pelos arbovírus, que incluem os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela).

O Município também adquiriu testes rápidos para diagnóstico precoce para dengue. Os testes estão disponíveis em várias unidades de atenção básica, UPAs e Hospital Municipal e são utilizados a partir da indicação do médico, possibilitando uma triagem mais rápida e um manejo mais adequado da doença.

Além disso, a luta contra o mosquito segue com ações diárias de aplicação de inseticida. Nesta quinta-feira, dia 22, ocorreu a aplicação nos chamados pontos estratégicos (floricultura, cemitério, borracharia e presídio) nos bairros Boa Vista, Canudos, Guarani, Hamburgo Velho e Santo Afonso. Nesta sexta-feira à tarde, ocorre a dedetização na área do Centro Administrativo.

Ações realizadas

– Criação do Comitê Intersetorial contra a Dengue
– Estruturação da rede de atenção primária contra a dengue
– Estruturação da rede de alta complexidade com boletins sobre internações
– Uso de testes rápidos contra a dengue na rede básica
– Capacitação de agentes de saúde e servidores da rede de atenção primária
– Aplicação de inseticida em toda a cidade, com especial atenção nos locais com maior incidência de casos
– Campanha de conscientização da população contra focos de proliferação do mosquito

Notificações

A vigilância hamburguense é a segunda que mais notifica casos de dengue em todo o estado. No final da manhã desta quinta-feira (22), Novo Hamburgo contabilizava 620 casos confirmados e aparecia na 24ª colocação em casos por 100 mil habitantes no Rio Grande do Sul, atrás de Dois Irmãos na região, e em segundo lugar em números absolutos. O Município vem registrando uma queda na curva de aumento de casos.

O trabalho de ações rigorosas realizadas no Município, envolvendo diferentes estratégias, pode ter contribuído para uma redução no percentual de crescimento. O Município já possui comitê de arboviroses instituído, e as articulações com a atenção primária de saúde, média e alta complexidade estão bem fortalecidas. Mas os números ainda são altos e continua sendo fundamental a participação dos moradores no combate à proliferação do mosquito, limpando seus pátios e evitando água limpa parada.

Auxílio da população

A população deve realizar semanalmente uma vistoria em sua residência e executar ações que auxiliem na eliminação dos focos do mosquito, tais como:

– Tampe os tonéis e caixa d’água;

– Deixe ralos limpos e com aplicação de tela. Coloque água sanitária nos ralos e em locais onde não seja possível alcançar para esvaziar;

– Mantenha as calhas sempre limpas;

– Deixe garrafas sempre viradas com a boca para baixo;

– Mantenha lixeiras bem tampadas;

– Elimine ou preencha pratos de vasos de plantas com areia;

– Limpe com escova ou bucha os potes de água para animais;

– Retire água acumulada na área de serviço, atrás da máquina de lavar roupa;

– Semanalmente renove a água das bromélias com jato da mangueira.

Essas medidas simples podem ajudar a reduzir o risco de proliferação do mosquito Aedes aegypti e contribuir para a prevenção de doenças transmitidas por ele, como a dengue, zika e chikungunya.

Sobre o Aedes

O Aedes Aegypti tem em média menos de 1 centímetro de tamanho, é escuro e com riscos brancos nas patas, cabeça e corpo. O mosquito costuma ter sua circulação intensificada no verão, em virtude da combinação da temperatura mais quente e chuvas. Para se reproduzir, ele precisa de locais com água parada. Por isso, o cuidado para evitar a sua proliferação busca eliminar esses possíveis criadouros, impedindo o nascimento do mosquito.

Sintomas da dengue

Os sintomas de dengue incluem febre de início abrupto acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e coceira na pele, manchas vermelhas pelo corpo, além de náuseas, vômitos e dores abdominais.

Em caso de suspeita de dengue, a orientação é que a pessoa busque atendimento na Unidade de Saúde mais próxima, siga as orientações e procure ficar isolado, além de fazer uso de repelentes. O Aedes aegypti se contamina com o vírus da dengue, quando pica e se alimenta do sangue de pessoas infectadas.

Foto: Divulgação | Fonte: Assessoria
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