Produção leiteira gaúcha é prejudicada por enchentes e desconforto térmico do outono

Por Jonathan da Silva

As perdas na agropecuária gaúcha em função da catástrofe climática de maio afetaram também a bovinocultura de leite. Este setor também foi afetado em função do outono de 2024 registrar elevada umidade relativa do ar e grandes amplitudes térmicas, causando desconforto nos animais e prejudicando a produção leiteira. A divulgação dos prejuízos vem de resultados das análises de dados publicadas no Comunicado Agrometeorologico 71 – Especial Biometeorológico Outono 2024, editado pelo Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (DDPA/Seapi).

O comunicado analisa as condições meteorológicas do período, como precipitação pluvial, temperatura e umidade do ar. Utilizando o Índice de Temperatura e Umidade (ITU), a publicação documenta e identifica as faixas de conforto/desconforto térmico a que os animais foram submetidos, estimando os efeitos na produção de leite.

As enchentes de maio resultaram na morte de animais e prejudicaram a coleta e a comercialização do leite em função impossibilidade de ordenha e da falta de acesso a propriedades em diversas localidades. “Somado ao enorme prejuízo, as condições meteorológicas do último outono causaram episódios de desconforto térmico aos animais em algumas regiões do estado. É mais um fator a contribuir para a estimativa de queda na produção de leite”, detalha a pesquisadora Adriana Tarouco, uma das autoras do comunicado.

Temperaturas, umidades relativas do ar e amplitudes térmicas elevadas propiciaram situações de estresse térmico ao longo do trimestre, principalmente em março. “Em somente 49,7% do período desse mês os animais estiveram em conforto térmico. Houve, inclusive, situações perigosas à vida deles em 6,6% do tempo do mês de março”, pontua a pesquisadora.

A região de São Borja/Baixo Vale do Uruguai se destacou pelo menor percentual de horas do trimestre nas quais os animais estiveram em conforto térmico (28,9%), com cinco cidades com valores inferiores a 40% em março. Em abril, em três foram registrados percentuais inferiores a 60%. Em maio, os percentuais de horas em conforto térmico foram superiores a 80% em todas as regiões.

Estimativas potenciais de queda de produção diária de leite devido às condições meteorológicas no outono foram mais elevadas em vacas de maior produtividade. “Para as vacas com produção entre 5 e 20 kg diários, as maiores perdas foram estimadas para as fêmeas com produção diária de 20 kg em Campo Bom e em Uruguaiana, com menos 3,9 kg de leite ao dia no mês de março, e em Santa Maria, com menos 4 kg de leite por dia em maio”, detalha Adriana.

Dentre as vacas produtoras de 25 a 40 kg diários, a menor queda estimada aconteceu em Vacaria, em maio, quando os animais com produção diária de 25 kg tiveram uma redução de 2,4 kg. A maior perda estimada também foi no mês passado, em Santa Maria, onde vacas produzindo 40 kg diários tiveram redução de 6,9 kg ao dia na produção de leite.

Estimativas de queda de produção superiores a 6 kg diários para fêmeas com produção média de 40 kg por dia foram observadas em 10 dos 16 municípios avaliados (62,5%) no mês de março, quando foi registrado o menor percentual de horas em conforto térmico para os animais. “Nesses locais, foi necessário tomar medidas de manejo para evitar perdas de produção de leite e reduzir prejuízos econômicos para os produtores rurais”, conclui a pesquisadora.

Foto: Fernando Dias/Ascom Seapi/Divulgação | Fonte: Assessoria
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