Uma montagem inteiramente formada por mulheres abrirá a temporada da Companhia de Ópera do Rio Grande do Sul (Cors). Trata-se de Suor Angelica, composta pelo italiano Giacomo Puccini, que ocorrerá nos dias 11 e 12 de março, no Theatro São Pedro.
A montagem (…) mostra o quanto o enclausuramento e a tentativa de culpabilizar a mulher permeia séculos e ainda é tão atual.
A ópera, que se passa na Toscana no século 17, conta a tragédia de Angelica, que foi abandonada pela família em um convento após ter um filho fora do casamento. Quando fica sabendo da morte de seu filho, que lhe fora retirado logo após o nascimento e de quem nunca mais tivera notícia, toma veneno para dar fim à vida. O drama atinge o clímax na agonia antes da morte, no arrependimento e na culpa de seu pecado. “A montagem tem uma mistura de simbolismo e contemporaneidade – lirismo, humor em vários momentos e dramaticidade –, mostra o quanto o enclausuramento e a tentativa de culpabilizar a mulher permeia séculos e ainda é tão atual”, diz Camila Bauer.
Com direção musical da pianista e soprano Eiko Senda, uma das co-fundadoras da Cors, e direção cênica de Camila Bauer, a montagem conta com trinta mulheres que protagonizam a produção dentro e fora do palco. No elenco estão Rosimari Oliveira e Yasmini Vargaz, Angela Diel e Cristine Bello Guse, Carol Braga, Camila Umpiérrez, Elisa Lopes, Dêizi Nascimento e Kauanny Klein, Gabriela Nunes, Júlia Bennemann, Fiama Devitte, Eliana Pires, Cecilia Salatti, nome artístico de Eduarda Peixoto, e Gaia Schenini. “Pela primeira vez, o Rio Grande do Sul tem uma companhia de ópera formada por artistas, que decidem criar um espaço de arte, mercado e trabalho em um terreno ainda masculino. Um projeto que descentraliza o poder, trazendo a mulher ao protagonismo em uma estrutura de produção e de criação. Suor Angelica estreia em um momento muito forte de empoderamento feminino, com uma ficha técnica formada por mulheres”, destaca Camila.
Suor Angelica (Irmã Angélica, em português) pertence, junto com Il Tabarro e Gianni Schicchi, ao Il Trittico, três breves obras da última fase da vida do compositor. A ópera, inicialmente, foi a que menos se tornou conhecida e ficou fora dos palcos por anos. Porém, recentemente, foi redescoberta e passou a integrar o repertório de companhias de ópera por todo o mundo. Uma particularidade nesta obra é o fato de que ela conta apenas com vozes solistas femininas.
Bate-papo e exposição
No dia da estreia, 11, às 18h, a Cors recebe Ligiana Costa, cantora, compositora, musicóloga e dramaturgista junto ao Festival Amazonas de Ópera e do Theatro Municipal de São Paulo, onde também dirige e apresenta podcasts e conteúdos dedicados à música, ópera e produção cultural. O bate-papo ocorre no Foyer Nobre e terá como tema principal o protagonismo da mulher, de criatura a criadora, na ópera.
Ao final do espetáculo, será oferecido um coquetel ao público que participar da programação, que será coroada pela exposição fotográfica Olhares sobre nossas irmãs, uma reunião de fotografias de Fernanda Chemale, Adriana Marchiori, Vitória Proença e Clara Albuquerque, entre outras fotógrafas gaúchas. A exposição está sendo preparada a partir do olhar das artistas sobre o processo de montagem de Suor Angelica, de seus ensaios e encontros entre as trinta mulheres envolvidas na produção. A exposição permanece aberta à visitação até o dia 19 de março, na Sala de Exposições do Theatro São Pedro.
Serviço
O quê: Companhia de Ópera do Rio Grande do Sul apresenta Suor Angelica, de Giacomo Puccini
Quando: 11/03, às 20h, e 12/03, às 18h
Onde: Theatro São Pedro, Praça Marechal Deodoro, s/n, Porto Alegre
Quanto: a partir de R$ 15 pelo site do Theatro