Estado monitora situação de instituições culturais afetadas pela enchente

Por Marina Klein Telles

Uma equipe da Secretaria da Cultura (Sedac) realizou, no domingo (19), uma nova vistoria em instituições da pasta localizadas no Centro Histórico de Porto Alegre e que foram afetadas pelo desastre meteorológico. A redução no nível das águas permitiu, pela primeira vez desde o início da enchente no Rio Grande do Sul, o acesso a pé aos prédios. Anteriormente, era possível chegar aos locais somente por meio de bote.

A comitiva da Sedac esteve na Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) e no Memorial do Rio Grande do Sul. Na CCMQ, a equipe confirmou que os principais danos sofridos pelas salas da Cinemateca Paulo Amorim ocorreram em poltronas e carpetes, além de aparelhos de ar-condicionado, que ficaram imersos em pelo menos meio metro de água.

Em todas as salas – Paulo Amorim, Eduardo Hirtz e Norberto Lubisco –, há muita lama, umidade e água, não sendo possível, neste momento, avaliar as perdas de mobiliário e demais necessidades para a recuperação do espaço. Os sistemas de projeção e sonorização não foram afetados, pois ficam nas cabines localizadas no segundo andar do prédio.

No Margs, a vistoria presencial teve como objetivo principal verificar as condições de acesso no andar térreo. Apesar da baixa do nível da água, o ritmo de redução diminuiu, mantendo o térreo inundado em altura que ainda não permite a movimentação em segurança. A equipe da secretaria seguirá monitorando a situação das instituições afetadas.

O diretor do Departamento de Memória e Patrimônio da Sedac, Eduardo Hahn, afirmou que a visita no domingo buscou avaliar as condições dos equipamentos culturais, possibilitando aprimorar o planejamento da Sedac para a execução das ações necessárias para sua recuperação.

Participaram também da vistoria a secretária da Cultura, Beatriz Araujo, o diretor-curador do Margs, Francisco Dalcol, as coordenadoras do Sistema Estadual de Museus, Doris Couto (também diretora do Museu de História Julio de Castilhos), e da Cinemateca Paulo Amorim, Mônica Kanitz.

Ações em diversas frentes

Mobilizada no enfrentamento aos efeitos do evento meteorológico, a Sedac está integrada ao conjunto de ações do governo do Estado dirigidas à população afetada. Entre as iniciativas da pasta já em andamento está a flexibilização de prazos e normas para os projetos culturais durante o estado de calamidade. A medida visa auxiliar os envolvidos nesses projetos, garantindo a continuidade dos repasses previstos o mais breve possível, possibilitando a adequação das atividades programadas e assegurando a continuidade dos processos de seleção e contratação em andamento.

Nos nove editais da Lei Paulo Gustavo (LPG), que disponibilizam R$ 90 milhões, a secretaria está buscando antecipar o repasse dos recursos aos projetos imediatamente. Em relação ao edital da Lei de Incentivo à Cultura (LIC) em andamento, a pasta aguarda o restabelecimento do sistema eletrônico para concluir a etapa de avaliação e cumprir o cronograma, que prevê a divulgação do resultado em junho.

Além disso, por meio do Sistema Estadual de Cultura, a Sedac trabalha na busca de informações sobre bens culturais (bibliotecas, museus, casas de cultura, teatros, espaços culturais etc.) e acervos (livros, obras de arte, documentos, peças de museus etc.). As principais dificuldades enfrentadas são o desconhecimento ainda existente sobre o quantitativo de acervos atingidos, os bloqueios nas estradas (impossibilitando vistorias presenciais), a telefonia e a internet que não estão plenamente restabelecidas e as equipes reduzidas.

Entre outras ações, em curso e planejadas, destacam-se:

  • mapeamentos e levantamentos, por meio de parcerias, de bens tombados federais, estaduais e municipais, assim como de bens inventariados, museus e equipamentos culturais;
  • estudo de minuta de decreto de reconhecimento dos bens inventariados como patrimônio estadual para facilitar a sua recuperação;
  • vistoria nos bens tombados que sofreram danos, tão logo seja possível;
  • análise e avaliações dos inventários culturais nas cidades em calamidade pública;
  • cadastro de voluntários para atuação nos museus municipais;
  • distribuição de cartilha de orientação ao resgate de acervo à rede de museus cadastrados, com 378 instituições;
  • três museus iniciaram resgate de acervo com orientação remota de especialistas;
  • orientação a prefeitos e secretários municipais de Cultura para que nada seja descartado;
  • na sexta-feira (17/5) foi lançado protocolo de salvamento com foco na segurança dos voluntários e do acervo;
  • Grupo de Trabalho (GT) de crise para ações emergenciais e de reconstrução;
  • mapeamento das bibliotecas públicas municipais atingidas;
  • credenciamento de voluntários para atuarem na recuperação de espaços de leitura;
  • atendimento à sociedade civil por meio dos institutos, buscando canalizar comunicação e mapear demandas para linhas de fomento e auxílio;
  • desenho de linhas de editais para os setores das artes;
  • mapeamento de espaços/instituições da Sedac para criação de zonas de acolhimento cultural.
Foto: Camila Diesel/divulgação | Fonte: Assessoria
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