O Brasil ocupa a triste posição de quinto país mais violento do mundo com as mulheres, perdendo apenas para El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia. A violência e opressão de gênero é uma questão social e de segurança pública, vivemos em média 13 feminicidios por dia em território nacional. Embora essa condição seja triste e preocupante, apenas olhar e notar o problema não é suficiente.
A cultura de violência e desigualdade é tão presente em nossas relações sociais que é impossível separar vítima de agressor, opressor de oprimido. Estamos todos reproduzindo e alimentando ações e intenções que reforçam esse ambiente hostil. Apesar disso, temos consciência do sofrimento que está sendo gerado, e enquanto criadores e designers de nossa realidade e futuro, nos perguntamos o que podemos fazer para mudar essa condição social de desigualdade. Porém, antes de trazermos respostas precisamos entender como o design pode ser usado como ferramenta, para a partir daí criarmos uma condição favorável para a transformação.
De maneira bem objetiva o design exerce função fundamental na hora de construir soluções, inclusive no âmbito social. Ele é capaz de criar soluções muito além do que é tangível, estético ou funcional. Ele ajuda a acessar toda a complexidade sistêmica de nossas relações, consegue criar conexões empáticas entre os seres humanos e, portanto, transformar pessoas, organizações, negócios e sistemas.
A abordagem do design está centrada no ser humano e por isso mesmo é uma poderosa solução para criar novas conexões, entender a complexidade do contexto, gerar empatia. Por meio do design temos uma visão 360º dos aspectos físicos, psicológicos, sociológicos e culturais e com as informações em mãos conseguimos atuar de maneira ativa na hora de desenhar a mudança que intencionamos para o mundo.
Falando especificamente sobre design para inovação social, a Echos – Laboratório de Inovação iniciou em outubro de 2016, durante o evento What Design Can Do – SP, o primeiro workshop de empatia profunda sobre o tema de violência contra a mulher.
O desafio era gerar uma experiência impactante para que homens e mulheres pudessem sentir na pele o que significa a violência contra mulher no Brasil, uma vez que essa violência está tão presente e normatizada e fica camuflada em ações do nosso dia-a-dia. A partir do desafio, e tendo Design Thinking como abordagem, mergulhamos fundo para entender o que significa ser mulher em nossa sociedade. Depois de um ano, 12 workshops realizados e mais de 200 pessoas impactadas pela ação, o workshop cresceu e deu origem ao projeto IRIS, que busca garantir a liberdade da expressão do feminino, independente de gênero.
Em 2018, mais uma vez em parceria com o What Design Can Do, o IRIS inicia uma nova fase. Agora o desafio é desenvolver soluções tangíveis para até 2030 construir um futuro desejável onde exista liberdade da expressão feminina independente do gênero.
O projeto é um case inspirador da Echos – Laboratório de inovação. Provando que o design pode fazer muito para construir soluções e transformar paradigmas sociais.