Crescimento da população de idosos no Brasil é pauta no RS

Por Marcel Vogt

Na última década, o contingente de pessoas com 60 anos ou mais cresceu quase 40% no Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A “revolução do envelhecimento”, como define o médico e gerontólogo Alexandre Kalache, não é mais uma tendência, mas uma realidade em ascensão. “Como se tornar um país desenvolvido, equiparado a grandes potências mundiais, sem políticas públicas que realmente atendam ao único grupo que não para de crescer?”. O questionamento feito por Kalache nesta terça-feira (13), deu início a uma série de discussões a respeito da temática no 1º Seminário Envelhecimento nas Pautas das Políticas Públicas do RS, promovido pelo Sesc/RS em parceria com o Governo do Estado.

O evento reuniu no Teatro do Sesc Alberto Bins, em Porto Alegre, autoridades no assunto como o secretário estadual de Assistência Social, Bento Fantinel; a presidente do Conselho Estadual da Pessoa Idosa, Iride Caberlon; a coordenadora do programa Maturidade Ativa Sesc/RS e conselheira da Comissão de Assessoramento e Apoio aos Municípios, Michele Silveira; a conselheira da Comissão de Violência Contra as Pessoas Idosas, Joana Veras; e a professora e doutora Vania Beatriz Merlotti Herédia. A ação integra iniciativas em alusão ao Dia Mundial da Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa nesta quinta-feira, 15 de junho.

O idadismo (preconceito a pessoas por conta de sua idade), foi ponto central das palestras que, além de apresentar dados sobre o envelhecimento, tipos de violência contra pessoas idosas e acesso das mesmas a serviços essenciais como saúde, educação, mercado de trabalho, tecnologia e transporte, também defenderam a importância das organizações que batalham em prol da causa. Para os 60+, uma vitória significativa foi alcançada em janeiro de 2022, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu, após diversas análises, não incluir a velhice na classificação de doenças. 

“Na pandemia, o idoso virou um protagonista que precisava ser protegido, mas não basta dedicar recursos e cuidados apenas para uma área ou em um momento específico. E, para saber como lidar com as dificuldades enfrentadas pelas pessoas idosas e solucionar questões como a violência, que podem ser física, psicológica, de abandono, negligência, sexual, financeira, sócio-política e estrutural, é preciso conhecer a cultura de cada lugar, o contexto das comunidade e as necessidades específicas de cada grupo”, ponderou Vania.

O papel de cada um contra violência

Segundo levantamento mais recente do IBGE (2020), o Rio Grande do Sul é o estado da Região Sul com maior número de denúncias de violações cometidas contra pessoas idosas. No ano em questão, foram registradas 22,8 denúncias por 100 mil habitantes no Disque 100. Na avaliação das comissões do Conselho Estadual da Pessoa Idosa, a rede de proteção ainda é muito fraca. Sem amparo e prevenção, muitos idosos sequer chegam a denunciar por medo, falta de informação e acesso aos canais apropriados.

De 2021 pra cá, a Comissão de Assessoramento e Apoio aos Municípios registra alguns avanços, como a criação do Pacto Nacional para Implantação da Política dos Direitos da Pessoa Idosa, aperfeiçoamento da Rede de Promoção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, criação do Programa Permanente de Capacitação de Conselheiros Gestores, lançamento do Guia de Orientação para Gestão da Política do Idoso, que será fisicamente entregue aos municípios nos próximos meses, entre outros.

“É nosso papel estar cada vez mais empoderados de conhecimento, sabendo onde buscar as informações, para que possamos atuar com responsabilidade e efetividade tanto como cidadãos quanto na condição de representantes de instituições importantes para os idosos”, destacou Michele, que está à frente do Maturidade Ativa Sesc/RS.

Foto: Divulgação | Fonte: Assessoria
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