O Ciclo de Palestras do Escritório Regional Vale do Rio Pardo do Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon-RS) foi iniciado nesta sexta-feira (23), em Santa Cruz do Sul, com uma apresentação sobre o conceito de cidades responsivas. As arquitetas Luciana Marson Fonseca e Flávia Tissot lideraram a palestra, abordando como a tecnologia pode ser empregada para monitorar, analisar e prever cenários urbanos, oferecendo caminhos inovadores para o aproveitamento das informações coletadas e tornando o cidadão como protagonista desse processo.
Durante a atividade, exemplos práticos do uso da tecnologia em diversas áreas do desenvolvimento urbano foram trazidos à plateia, que foi formada por mais de 70 profissionais do setor da construção civil, arquitetos, urbanistas e gestores públicos do Vale do Rio Pardo.
Coordenadora do MBA Cidades Responsivas, doutora em Urbanismo, Chapter Lead de urbanismo do Grupo Ospa e sócia-fundadora do Instituto Cidades Responsivas e da Escola Livre de Arquitetura, Luciana Marson Fonseca trouxe uma visão abrangente sobre como as cidades podem se beneficiar da tecnologia para se tornarem mais adaptáveis e centradas nas necessidades dos cidadãos. “Nas cidades responsivas, o uso inteligente dos dados permite que os gestores não apenas respondam aos desafios urbanos, mas também os antecipem”, explicou Luciana.
O objetivo é criar cidades que não sejam apenas reativas, mas proativas, utilizando informações em tempo real para ajustar automaticamente serviços essenciais, como o tráfego de veículos, o consumo de energia e a segurança pública. Quando temos acesso aos acontecimentos, o maior desafio é responder a eles, da melhor maneira possível, no menor tempo”, pontuou a arquiteta Luciana Marson Fonseca.
Além disso, a arquiteta e urbanista formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), sócia do Grupo Ospa e COO da startup Place, Flávia Tissot, destacou como a tecnologia pode ser integrada ao planejamento urbano para otimizar a gestão dos municípios, citando o case da startup. “A Place foi criada para tornar o acesso a dados urbanos mais intuitivos e eficiente, facilitando a tomada de decisões tanto para o mercado imobiliário quanto para as prefeituras”, afirmou Flávia.
A digitalização dessas informações não só agiliza processos, mas também empodera os usuários a contribuir ativamente para o desenvolvimento de suas cidades”, destacou a arquiteta Flávia Tissot.
Como exemplo, a profissional trouxe como case o Empreende BM, mapa desenvolvido pela Place em Belo Horizonte, que através de dados interativos e geoespacializados, ajuda o empreendedor a escolher o melhor local para viabilizar o seu negócio.
Cidades responsivas e cidades inteligentes
O conceito de “cidades responsivas”, que esteve no centro do debate, representa uma evolução das chamadas “cidades inteligentes”. Equipadas com sensores, sistemas de inteligência artificial e conectadas por meio da Internet das Coisas (IoT), as cidades responsivas são capazes de monitorar em tempo real o fluxo de trânsito, a qualidade do ar, o consumo de energia e a segurança pública. O conceito se aproxima, mas é diferente da ideia de cidades inteligentes, em que a tecnologia é imposta de cima para baixo. “Nas cidades inteligentes, a tecnologia está em pontos fixos, como nas sinaleiras e nos pardais ligados a uma central e com uma equipe técnica no controle. Nas cidades responsivas, o usuário tem uma ação mais consciente, se aproveitando e contribuindo com sistemas colaborativos, como o caso do aplicativo Waze”, explicou Luciana.
Ciclo de palestras
Com o objetivo de trazer grandes nomes do setor para abordar assuntos como urbanização, crescimento sustentável das cidades, entre outros, o Ciclo de Palestras será realizado a cada dois meses. Segundo a presidente do Sinduscon-RS, Giulia Tolotti, o tema cidades responsivas foi escolhido para abrir a programação por se tratar de uma problemática atual e que envolve diferentes atores da sociedade. “A gente está falando de planejamento urbano, de qualidade de vida e isso interessa a todos. Estamos em um momento de reflexão, que precede as eleições, e acho que a gente tem que pensar no futuro de Santa Cruz e esse futuro passa por conceitos que foram trazidos na palestra desta sexta”, afirmou Giulia.
A segunda palestra, que será realizada em setembro, tem como tema “Tendências Inovadoras da Construção Civil”. A conversa será conduzida pelo engenheiro civil formado pela UFRGS, PHD em Engenharia Civil/Gestão da Conservação de OAEs e secretário de Inovação de Porto Alegre desde 2021, Luiz Carlos Pinto da Silva Filho.