Álvaro Dias e as eleições de 2018

Por Gabrielle Pacheco

Por Mayara Morales

Pré-candidato à Presidência esteve na sede da revista Expansão e conversou conosco a respeito de seu plano de governo e a importância das eleições de 2018. Álvaro Dias lançou sua pré-candidatura pelo partido Podemos e diz que pode herdar uma parcela dos votos de ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa. Além disso, criticou de forma dura, Michel Temer e Marco Maia. Veja um trecho dessa entrevista e o bate-papo completo você pode conferir em nossa edição de junho.

Como pretende herdar os votos de Joaquim Barbosa? Em qual sentido acredita que as “propostas” de vocês se aproximam?

Havia uma coincidência  no campo da ética porque ao mesmo tempo que eu combatia duramente a corrupção no parlamento com denúncias, investigações, críticas e representações no Ministério Público. Só em relação a Petrobrás, foram 19 representações ao Ministério Público. O ministro Joaquim Barbosa presidiu o Supremo Tribunal Federal com notoriedade comandando o julgamento do mensalão, quando pela primeira vez ladrões do colarinho branco foram para a prisão. Então, certamente nós estaríamos disputando o mesmo espaço eleitoral e com a retirada dele tenho a impressão que posso sim herdar uma parcela dos seus votos.

E quanto os votos do presidente Michel Temer e de Marco Maia?

Não, isso é em outro terreno. É exatamente o oposto. Michel Temer é envolvido em corrupção de forma histórica. Jamais tivemos um Presidente da República no exercício da função denunciado pelo Ministério Público, pelo Procurador Geral da República. Isso não é uma candidatura. Ele é uma espécie de cadáver político insepulto e que vai tentar terminar o mandato. Acho que termine, mas vai a duras penas com prejuízo irrecuperáveis ao país porque o aprofundamento da crise é visível.

Como professor, como vê o cenário educacional e quais são os seus projetos para a educação? Pretende manter programas como ProUni e Fies? Se sim, pretende incentivá-los? Se não, por quê?

Fui relator do Plano Nacional de Educação no Senado, inclusive, apresentei 103 emendas ao projeto e 50 emendas foram aprovadas. Mas infelizmente, não aprovaram a lei de responsabilidade educacional, que obrigaria o cidadão a cumprir as metas. O Plano se tornou letra morta, não é? Pois não é executado. No Brasil acontece isso, a lei existe, mas não é aplicada. Inclusive, na educação, esses 10% do PIB nós incluímos no Plano Nacional da Educação, mas não chegamos nem a 6%.

Então, sem recursos fica difícil implantar programas, mas ProUni e Fies devem ser preservados porque eles oferecem oportunidade de curso superior a milhares de brasileiros. Mas, eles não podem também, serem administrados com a incompetência que foram, com desperdício, por exemplo, vagas ociosas pagas pelo governo.

Acredito que seja essencial priorizar o ensino fundamental e educação infantil com recursos, obviamente, não desprezando a possibilidade do Estado investir no ensino superior, mas como alternativa secundária. A primeira alternativa é a educação infantil e ensino fundamental com prioridade para ensino integral, que é fundamental na formação e mecanismo capaz de ofertar melhor qualidade de vida à família. Porque a mãe que tem o filho na escola o dia todo pode colaborar no orçamento familiar trabalhando.

Se eleito pretende extinguir a reeleição no Brasil?

É uma proposta que tramita algum tempo no Congresso e que não foi votada, mas eu incluiria na reforma política, o fim da reeleição. Acredito que não estamos em um estado de maturidade política para exercitar a reeleição. Foi uma experiência mal-sucedida.

É favorável a candidatura avulsa, sem filiação a partido político?

Hoje, nós não temos partidos no país, por isso, até se justificaria. Mas, se nós queremos uma organização política competente, temos que construir partidos de verdade. E a candidatura avulsa trabalha contra a construção de partidos. Eu sou, talvez, o único no Brasil que insiste em dizer que não temos partidos no país. Temos siglas para registro de candidaturas. Repito isso insistentemente. Contudo, isso não significa que eu seja contra os partidos, sou contra siglas desmoralizadas, inclusive, algumas  consideradas organizações criminosas. Sou defensor de um quadro partidário que possa representar os segmentos sociais.  Temos que ter partidos programáticos.

Qual a sua opinião quanto ao armamento da população?

Embora não seja uma solução o desarmamento, não é? Porque a solução para a violência não está no porte de armas, mas considero que o livre-arbítrio tenha que ser respeitado. O cidadão que quer ter porte de arma, que tenha e utilize a arma, mas isso não exclui o governo de oferecer segurança aos brasileiros. Também não exclui o cidadão que usa a arma das responsabilidades que ele deve ter ao utilizá-la, pois se houver abuso e exagero haverá responsabilização.

Desarmamento

O Estatuto do Desarmamento entrou em vigor em 2003, restringiu o acesso e posse de armas de fogo, salvando 160 mil vidas, segundo o Mapa da Violência de 2015. O Estatuto foi sancionado no primeiro mandato do ex-presidente Lula.

Foto: Homero Schuch | Especial
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