Abicalçados se posiciona contra possível elevação da taxa de juros

Por Jonathan da Silva

A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) comunicou ter posição contrária à possibilidade de elevação da taxa básica de juros Selic nas próximas reuniões do Banco Central, que acontecem nos dias 17 e 18 de setembro. De acordo com a entidade, a o aumento traria impactos à sustentação do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), fragilizando a possibilidade de incrementos mais robustos ao desestimular investimentos e a demanda.

A nota da entidade afirma que “o Brasil detém, atualmente, uma das maiores taxas reais de juros do mundo, associada a uma política monetária contracionista iniciada há mais de dois anos, motivada por um cenário internacional adverso e inflação crescente”. Com a taxa Selic em 10,5% desde maio de 2024, a taxa real de juros situa-se em torno de 6,4%, patamar acima da taxa natural de juros, taxa de juros de equilíbrio, estimada pelo próprio Banco Central em 4,75%. “A elevação da taxa básica de juros trará impactos à sustentação do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), fragilizando a possibilidade de crescimentos mais robustos ao desestimular investimentos e a demanda que, puxada pela despesa de consumo das famílias, tem contribuído positivamente para o crescimento da economia brasileira ao longo de 2024”, continua o comunicado da Abicalçados.

A publicação da entidade calçadista avalia ainda que “o elevado patamar da taxa de juros tende a conter a demanda agregada, interrompendo o crescimento sustentado da atividade econômica no País e desestimulando os investimentos, sendo nocivo à competitividade da indústria nacional no contexto global”. Segundo a Abicalçados, no cenário internacional há um movimento de redução da taxa básica de juros em diversos países. O Banco Central Europeu, em junho, reduziu em 0,25% a taxa básica de juros, passando-a para 3,75%. Com a desaceleração da inflação acumulada em 12 meses nos Estados Unidos, há também perspectivas de que o Federal Reserve (FED) reduza a taxa de juros estadunidense na próxima semana. “Estes movimentos possibilitam cortes na Selic sem que haja redução do diferencial de juros do Brasil frente a estas economias”, diz a nota.

Ainda conforme o comunicado, há indícios de desaceleração da inflação no Brasil, visto que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou, em agosto, a primeira deflação em 14 meses, registrando queda de 0,02% no nível geral de preços. “A Abicalçados reconhece que é necessária cautela na condução da política monetária do País. Contudo, em vista do cenário atual, não vislumbra a necessidade de elevação da taxa básica de juros e manifesta sua preocupação quanto à pressão para que ocorra um aumento da Selic na próxima reunião do Banco Central”, conclui a nota.

Foto: Abicalçados/Divulgação | Fonte: Assessoria
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