A evolução da oncologia nas últimas décadas

Por Ester Ellwanger

Em 1963, quando foi criada a Sociedade Brasileira de Quimioterapia Antineoplásica, em Belo Horizonte (MG), nascia a primeira entidade médica voltada ao tratamento do câncer no país. Dezesseis anos depois, durante um simpósio em Porto Alegre (RS), a entidade ressurgiu com novo nome, Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), para, em 1981 ser oficialmente fundada.

A história de fundação da SBOC se confunde com a da própria prática sistematizada da oncologia clínica no país – isto é, do cuidado mais amplo para o diagnóstico e tratamento das diferentes neoplasias. Até então, a oncologia clínica era uma área ainda pouco difundida no país, mas que, com a atuação da SBOC, foi se tornando uma das especialidades mais fortes da medicina nacional. “Hoje é quase impossível pensar em praticar oncologia clínica no país sem ter vínculos com a SBOC”, avalia Dr. Roberto de Almeida Gil, membro da entidade desde 1981.

Era difícil imaginar que conheceríamos tanto sobre câncer como hoje, e ainda mais inimagináveis as tantas inovações no tratamento e no diagnóstico.”

Criada com o propósito principal de gerar conhecimento para os médicos que tratavam pacientes com câncer, a SBOC passou a aturar em diversas outras frentes, como incentivo à pesquisa, políticas de saúde, defesa profissional, relações nacionais e internacionais. “Era difícil imaginar que conheceríamos tanto sobre câncer como hoje, e ainda mais inimagináveis as tantas inovações no tratamento e no diagnóstico, permitindo cada vez mais a cura em muitos casos e mesmo lidar com a doença como uma condição crônica”, avalia a presidente da Sociedade, Dra. Clarissa Mathias.

Avanços contra o câncer

Na época da criação da SBOC, a quimioterapia já havia sido descoberta – o que ocorreu no fim dos anos 50 e é considerado o primeiro grande marco da oncologia. Porém, pouco se sabia sobre os diferentes tipos de cânceres, que são únicos e complexos. Foi no final dos anos 90 que tudo começou a avançar, com o lançamento do primeiro anticorpo monoclonal quimérico, em 1997, um passo importante na evolução dos tratamentos. Pouco tempo depois, em 2001, o genoma humano foi sequenciado pela primeira vez e o primeiro quimioterápico via oral foi lançado – um medicamento que revolucionou o tratamento de pacientes com leucemia, agindo diretamente na alteração genética que causa a doença.

“Ao longo de todos esses avanços, a SBOC protagonizou grandes conquistas e foi se estabelecendo como a maior interlocutora da oncologia clínica nacional, atuando fortemente no amadurecimento da área no Brasil”, diz Dra. Clarissa Mathias. “A especialidade estava mudando muito e a SBOC já agia para permitir que oncologistas e pacientes estivessem a par desses avanços científicos enormes e das melhores práticas”, completa.

Em 2011, a primeira imunoterapia para câncer foi aprovada, um tratamento que potencializa o sistema imunológico para que ele combata os tumores. “As opções de classes terapêuticas foram se expandindo, permitindo que os mais diversos tipos e subtipos de câncer tivessem tratamento. E a SBOC, ao lado da sociedade civil e com o poder público, foi lutando para que toda essa inovação se tornasse acessível à população por meio da rede pública e da saúde suplementar”, conta o diretor executivo da entidade, Dr. Renan Clara.

Queremos ajudar a ampliar o acesso aos avanços no tratamento oncológico, com o intuito de melhorar o controle do câncer no Brasil e impactar positivamente na qualidade de vida dos pacientes”.

Em 2020, diante de tantos desafios, a SBOC conseguiu engajar médicos e hospitais para entender e reduzir os impactos da pandemia no cuidado oncológico, realizando uma pesquisa nacional sobre as relações entre a COVID-19 e o câncer. Além disso, após dois anos desde a maior submissão de tecnologias por uma única entidade ao Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a SBOC celebrou a incorporação de 14 dos 26 medicamentos e procedimentos defendidos por seus especialistas. “É com muito orgulho que contamos a história da SBOC e destacamos o quanto contribuímos com o acesso a melhores opções terapêuticas, pois essa é uma de nossas maiores prioridades”, pontua Dra. Clarissa.

A SBOC também respondeu, no ano passado, ao chamado da Organização Mundial de Saúde (OMS) e se reuniu com outras sociedades médicas, associações de pacientes, o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana de Saúde para planejar como eliminar o câncer no colo do útero no Brasil e no mundo nos próximos anos.

Para 2022, a SBOC permanecerá se dedicando a reverter o cenário de atrasos em diagnósticos e tratamento. “Queremos ajudar a ampliar o acesso aos avanços no tratamento oncológico, com o intuito de melhorar o controle do câncer no Brasil e impactar positivamente na qualidade de vida dos pacientes”, finaliza Dra. Clarissa.

Foto: Divulgação | Fonte: Assessoria
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